sábado, 7 de janeiro de 2012

179 anos da Cabanagem! A Revolução Popular da Amazônia ”O Povo no Poder

congresso da cidade de Belém,  nossa cabanagem
O Dia (7.01) é marcada pelos 179 anos da revolta da Cabanagem do Pará (1835-1840) - o único movimento político do Brasil em que os pobres tomam o poder, de fato. Entre as causas da revolta encontram-se a extrema pobreza das populações humildes e a irrelevância política à qual a província foi relegada após a independência do Brasil.

Revolução no Brasil”. Cinco  anos de  lutas  renhidas,  guerra  civil 
que levou a vida de trinta mil habitantes, cerca de um quinto da 
população da então Província do Grão Pará. 

Para Caio Prado Junior, em seu livro “Evolução Política do Brasil” 
a  Cabanagem  foi  “...  um  dos  mais  notáveis,  se  não  o  mais 
notável  movimento  popular  do  Brasil.  É  o  único  em  que  as 
camadas mais  inferiores da população  conseguem o poder de 
toda  uma  Província  com  certa  estabilidade.  Apesar  de  sua 
desorientação,  apesar  da  falta  de  continuidade  que  a 
caracteriza,  fica-lhe,  contudo  a  glória  de  ter  sido  a  primeira 
insurreição popular que passou da simples agitação a uma tomada efetiva de poder.” 

E,  o  anseio  de  Liberdade  que  mobilizou milhares  de  Paraenses  é  uma  chama  que  não  se apagou  no  coração  da  Amazônia.  Arde  alimentada  pela  injustiça,  pelo  desrespeito,  pela indignidade  com  que  somos  tratados,  ainda  nos  dias  de  hoje.  Às  riquezas  vegetais  daquela época somou-se a descoberta das riquezas minerais, o potencial dos recursos hídricos, o valor de nossa biodiversidade. Tudo alvo da  cobiça dos que querem o enriquecimento a qualquer custo, ou, melhor dizendo, ao custo do trabalho escravizado da maioria, que, apesar de dona desta riqueza dela foi feita escrava. 

participação popular dos cabanos
 O  Pará  segue  sendo  tratado  como  um  grande  almoxarifado  para  o  desenvolvimento  dos outros. E, hoje como ontem não  falo de nossos  irmãos brasileiros, mas dos que representam os  interesses  imperialistas. Enquanto o Brasil era sugado nos ciclos do pau-brasil, da cana de 
açúcar, do ouro, o Pará ficava na bubuia, como que sendo guardado para um butim maior. 

E, o butim  começou  e  continua  acontecendo.  Os  maiores  investimentos  realizados  em  nosso Estado não  são para agregar valor aos nossos produtos,  industrializar a  região e promover o desenvolvimento.  Os  maiores  investimentos  são  para  aumentar  a  capacidade  de  exportar 
nossa matéria prima, nossas riquezas. O modelo é um velho conhecido: a mina, a estrada de ferro e o porto. Ou para outros, o desmatamento, a pata do boi e as grandes plantações.

E, se em 1838 tiveram que editar uma lei para forçar os homens livres desta terra a trabalhar, em regime de servidão, hoje o aparato legal não deixa por onde.  

A  Lei Kandir  retirou mais de 21 bilhões de  reais das nossas parcas  receitas, de 1997 a 2010 (no tempo do governo do PSDB), para favorecer a exportação: minério, madeira, boi em pé, tudo que der para levar. E, ano após ano, o Estado fica na mais completa dependência dos recursos federais. A “compensação da lei Kandir”, no orçamento de 2012, depois de muita discussão, chegou a 3 bilhões e novecentos milhões, e é para TODOS OS ESTADOS, que se encontram na mesma situação. 

O resultado da legislação que determina o não pagamento de ICMS aos Estados produtores de energia  elétrica,  aliado  a  outros  fatores,  como  a  privatização  do  setor  elétrico,  foi  a contradição vivida no Pará e na Amazônia, quando, somente após trinta anos da construção de Tucuruí é que mais de um milhão de Paraenses pode  ligar um bico de  luz em  seus  lares. 

E, ainda há muito por  se  fazer. Estão aí nossos  irmãos marajoaras, atores 
destacados nas  lutas Cabanas, ainda hoje sem contar com energia firme em seus municípios. 

educação cabana
 E,  a  tal  da  responsabilidade  fiscal?   Que  ficam  vendendo  por  aí  que  é  para  impedir gastos excessivos com pessoal? Mas, na verdade é para engessar os investimentos públicos e garantir o tal do superávit primário, ou seja, a prioridade para os “donos da banca”, os banqueiros! No orçamento da União, para 2012, os bancos já têm garantido 47,19%, ou seja, 1,014 trilhão de reais!!!!!!!!!!!  Enquanto  para  a  saúde  e  educação  estão  previstos  3,98%  e  3,18%, respectivamente!!!!!!!! Todos nós queremos que os governantes tratem com responsabilidade os recursos públicos, mas onde está a responsabilidade com os direitos e as necessidades do povo, tolhidos e postergados em nome da sacrossanta dívida pública???? 

Hoje,  como  ontem,  nossa  luta  segue  por  Liberdade. Não  a  Liberdade  separatista, mas  a  de cidadãos, de homens  livres e  iguais. É uma  luta de  libertação nacional. Para que nós, o Povo Brasileiro  tenha  o  comando  do  nosso  país  em  nossas mãos. Que  as  nossas  riquezas  gerem desenvolvimento  para  o  nós  o  Povo  Brasileiro,  do  qual  com  muito  rgulho  nós,  Cabanos Paraenses, fazemos parte. 

Belem , 12 de janeiro aldeia cabana
 Lembremos o chamamento de Antônio Vinagre, às vésperas do segundo ataque dos Cabanos à Belém, em 14 de Agosto de 1835: 
 “...Dignos  filhos  do  gigante  Amazonas,  valentes  e 
denodados defensores das  liberdades dos cidadãos 
brasileiros,  a  nós  cumpre  vingar  a  afronta  feita  a 
esta briosa Província, que hoje geme sob o mais vil 
despotismo.  Que  cada  um  de  nós  seja  um 
Guilherme Tell na defesa da Pátria e da Liberdade! 
Seja  a  nossa  divisa:  Vencer  ou Morrer!  Os  vossos 
chefes  estão  na  vossa  frente  e  onde  maior  for  o 
perigo,  aí  será  o  seu  posto  de  honra!  Somos 
paisanos, desconhecemos a arte da guerra. Mas nós havemos de bater como os mais briosos 
e aguerridos soldados...”  

vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=gI2Fu47hpVs

Viva a Revolução Cabana! Viva os Mártires da Luta por Liberdade!  

Belém, 07 de janeiro de 2014